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Quando o silêncio diz mais do que as palavras

  • Foto do escritor: Robson Felix de Almeida
    Robson Felix de Almeida
  • 18 de mai.
  • 4 min de leitura

Uma reflexão sobre a opção pela omissão da confirmação de leitura, no ambiente corporativo



Vivemos em uma era de comunicação instantânea, onde mensagens cruzam os continentes em questão de segundos e com um simples toque podemos saber quando nossas palavras chegaram ao seu destino e foram lidas.


No WhatsApp, os famosos traços azuis não são apenas um recurso tecnológico: tornaram-se também um símbolo de reciprocidade, presença, compromisso e consideração.


Quando alguém opta, deliberadamente, por desativá-los, isso pode parecer apenas uma escolha pessoal — mas, no campo profissional, essa é uma decisão que pode ter implicações muito mais profundas, do que se imagina.


Em ambientes colaborativos, onde prazos apertados, alinhamentos rápidos e decisões ágeis são a norma, a clareza de comunicação não é apenas desejável — é essencial.


Quando um profissional opta por ocultar os sinais de leitura de seu mensageiro eletrônico, ele pode estar, ainda que involuntariamente, minando a percepção de disponibilidade, transparência, responsabilidade e confiança.


E a confiança, todos sabemos, é a base de qualquer relação sólida.


Porém, antes de qualquer julgamento apressado, é importante lembrar que cada pessoa tem seus motivos: alguns prezam pela privacidade, outros se sentem ansiosos com a pressão de ter que dar uma resposta imediata, e há ainda os que prefiram manter suas interações digitais com o mínimo de controle possível.


Tudo isso é compreensível — e, em muitos casos, legítimo.


Mas há uma linha tênue entre a escolha por resguardo pessoal e o uso dessa função como escudo para evitar o comprometimento, a transparência e a disponibilidade.


Quando alguém, especialmente em relações que exigem clareza — sejam elas profissionais, afetivas ou de amizade —, deliberadamente desativa os traços azuis, ela pode estar sinalizando, ainda que inconscientemente, uma indisponibilidade para o diálogo aberto.


Nos ambientes corporativos, essa é uma escolha que pode ser interpretada como fuga, omissão ou desinteresse pela urgência de seu interlocutor.


Não saber se uma mensagem foi lida, em contextos sensíveis ou urgentes, pode gerar insegurança, travar processos, desgastar relações e gerar quebra de confiança.


E, novamente: onde há de falta confiança, logo tudo se desgasta.


Confiar é, dentre tantas outras coisas, saber que nossas palavras não se perdem no vazio e que nosso interlocutor está focado em nossas demandas cotidianas.


Confiar é sentir que, mesmo que a resposta não venha de imediato, houve um olhar, uma escuta, uma presença, um comprometimento, do outro lado da tela.


Quando os sinais de leitura são ocultos, toda essa percepção de profissionalismo se fragiliza.


Não saber se a mensagem foi lida e (pior ainda) quando ela será respondida, pode criar ruídos, mal-entendidos e até sentimentos negativos como o raiva, ansiedade e resistência profissional — principalmente quando é uma atitude recorrente ou seletiva.


A ausência dos traços azuis em situações profissionais pode ser ainda mais delicada quando combinada com demoras e evasivas frequentes ou com a falta de comprometimento/alinhamento.


Com o tempo, este tipo de postura contribui para um ambiente de incertezas — e onde há incertezas, a confiança não se estabelece.


Em um mercado cada vez mais exigente, como o da comunicação, onde a credibilidade é construída nos pequenos gestos, esse tipo de atitude pode fechar portas, ainda que silenciosamente.


Transparência não exige imediatismo, mas sim presença e respeito.


Mostrar que você leu uma mensagem não o obriga a uma resposta instantânea, mas comunica algo fundamental: "estou aqui, recebi sua palavra, e vou retornar assim que possível."


Isso, por si só, já é um sinal de comprometimento que fala alto em qualquer relação, principalmente a profissional.


É preciso, portanto, ponderar: o que estamos perdendo tentando nos proteger da pressão digital e o que ganhamos ao cultivar a confiança, mesmo nos detalhes invisíveis.


Porque, no fim do dia, a comunicação clara continua (e continuará para sempre) sendo uma das ferramentas mais poderosas de um profissional ético, respeitoso e confiável.


É claro que a confiança vai muito além de um recurso técnico de qualquer aplicativo atual ou que venha a ser criado.


Mas, no mundo de hoje, os pequenos gestos digitais também falam alto.


O simples gesto de optar por não desabilitar os traços azuis de confirmação de leitura pode sim, ser um sinal de empatia, de respeito ao tempo e à emoção de seu interlocutor.


A confiança se constrói em pequenos gestos e a transparência é feita de sutis detalhes.


Em tempos de mensagens que atravessam o mundo em segundos, omitir o recebimento de uma mensagem pode parecer algo irrelevante, porém, no ambiente corporativo, pode ser justamente o detalhe que revela o tipo de pessoa (e de profissional) com quem estamos nos relacionando.


Esta simples atitude, dependendo do contexto, pode ser sim um indicativo sutil de distanciamento, de estratégias de controle ou de uma postura que evita o comprometimento e/ou o enfrentamento direto.


Não se trata de demonizar ninguém, mas de observar com carinho e consciência os sinais velados que estamos emitindo o tempo todo.


Porque, desde que o mundo é mundo, a comunicação é feita de transparência e confiança.


Talvez este seja um sinal claro da atualização digital da máxima (que prevalece deste os tempos imemoriais da máquina de escrever), que reza que a falta de comunicação é uma prerrogativa inerente ao (nosso) mercado de comunicação.


Qualquer novidade, me avisa...

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